Saudade…

Saudade é uma sede,
e, por mais que a gente faça,
saudade é uma sede que não passa.
Ora bebemos palavras,
ora nos afogamos no silêncio.
Mergulhamos os olhos nas estrelas,
mas a luz só nos faz mais sedentos.
A realidade não basta
e sonhar a sede não mata.
As nuvens da primavera
no meu copo não cabem.
A sede que sentimos por dentro
é sempre maior que a boca.
A chuva que, às vezes, molha
o vestido verde da Terra
não sacia seu ventre.
Os oceanos engolem os rios,
mas nunca se enchem.
O vulcão aceso bebe o mar,
porém, por dentro, não se apaga.
Saudade é sempre sede de alguém,
de alguém que nos falta,
mas nunca nos sai do lado.
Saudade é uma sede sem água.

(Wanderley Navarro 15/4/12)

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